domingo, 19 de março de 2006

Poder Absoluto

O Absolutismo – O Rei Personifica o Poder

"É exclusivamente na minha pessoa que reside o poder soberano... é só de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude dessa autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso não pode nunca ser voltado contra mim; é a mim unicamente que pertence o poder legislativo sem dependência e sem partilha... a ordem pública inteira emana de mim, e os direitos e interesses da Nação, de que se ousa fazer um corpo separado do Monarca, estão necessariamente unidos com os meus e repousam unicamente nas minhas mãos."

(FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. v. 111. Lisboa, Plátano, 1976. p. 22.)

Maquiavel

Saiba-se que existem dois modos de combater: um com as leis, outro com a força. o primeiro é próprio do homem, o segundo dos animais. Não sendo, porém, muitas vezes suficiente o primeiro, convém recorrer ao segundo. Por conseguinte, a um príncipe é mister saber comportar-se como homem e como animal (...)

Tendo, portanto, necessidade de proceder como animal, deve um príncipe adotar a índole ao mesmo tempo do leão e da raposa; porque o leão não sabe fugir das armadilhas e a raposa não sabe defender-se dos lobos. Assim, cumpre ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para amedrontar os lobos.

Quem se contenta de ser leão demonstra não conhecer o assunto.Um príncipe sábio não pode, pois, nem deve manter-se fiel às suas promessas quando, extinta a causa que o levou a fazê-las, o cumprimento delas Ihe traz prejuízo Este preceito não seria bom se os homens fossem todos bons. Como, porém, são maus e, por isso mesmo, faltariam à palavra que acaso nos dessem, nada impede venhamos nós a faltar também à nossa. (...)Deve, pois, um príncipe não ter outro objetivo nem outro pensamento, nem ter qualquer outra coisa como prática a não ser a guerra, o seu regulamento e sua disciplina, porque essa e a única arte que se espera de quem comanda. É ela de tanto poder que não só mantém aqueles que nasceram príncipes, mas muitas vezes faz com que cidadãos de condição particular ascendam àquela qualidade.

Ao contrário, vê-se que perderam os seus Estados os príncipes que se preocuparam mais com os luxos da vida do que com as armas. A primeira causa que te fará perder o governo é descurar desta arte e a razão de poderes conquistá-lo é o professá-la. (Os deveres do príncipe para com sua tropa).

(Unicamp) Sobre o governo dos príncipes, Nicolau Maquiavel, um pensador italiano do século XVI, afirmou:

O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades.(...) Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião (...). O príncipe não deve se desviar do bem, se possível, mas deve estar pronto a fazer o mal, se necessário. (Adaptado de Nicolau Maquiavel, O Príncipe, em Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1996, pp. 102-103)

A partir do texto, responda

a) Qual o maior dever do príncipe?

b) Como o príncipe deveria governar para ter êxito?

c) De que maneira as idéias de Maquiavel se opunham à moral cristã medieval?

(Unicamp) Leia os comentários abaixo sobre o poder dos reis em dois períodos históricos distintos:

Durante os séculos XI e XII acreditava-se que os reis de França e da Inglaterra fossem capazes de fazer milagres e curar doenças. A conquista deste poder milagroso contribuiu para a afirmação do poder monárquico, ameaçado pelos grandes senhores feudais. (Adaptado de J. Le Goff, Prefácio a M. Bloch, Os Reis Taumaturgos, São Paulo, Cia. das Letras, p. 21)

Entre o fim da década de 1870 e o ano de 1914, ocorreu uma mudança fundamental na imagem pública da monarquia britânica, na medida em que seu ritual, até então inadequado, particular e pouco atraente, tornou-se suntuoso, público e popular. Até certo ponto isto foi facilitado pelo fato de que os monarcas estavam pouco a pouco se afastando da atividade política. (Eric Hobsbawm e Terence Ranger, A Invenção das Tradições, Paz e Terra, pp. 130-131) A partir desses dois comentários, responda:

a) Que poderes se contrapunham à autoridade dos reis em cada um desses períodos históricos?

b) Que artifícios os reis utilizaram para afirmar a sua autoridade em cada um desses períodos?

ABSOLUTISMO NA FRANÇA

Séc. XVI - Guerra Civil: Bourbon (Huguenotes - Calvinistas) X Guisé (Católicos)

Casamento: Henrique de Navarra com Margarida (Margot)

24 de Agosto de 1572 - Noite de São Bartolomeu - Massacre Huguenote

1589 - Henrique de Navarra assume o poder: Conversão ao catolicismo: “Paris bem vale uma missa”

Édito de Nantes - concede liberdade de culto aos protestantes.

1610 - Luis XIII - Governo Richelieu - combate aos protestantes; judeus e católicos.

1642 - Luis XIV - “L’État c’est moi” - Rei Sol - Apogeu do Absolutismo

Colbert: Mercantilismo - industrialização e conquista de colônias na América

Teve apoio da nobreza através da construção do Palácio de Versalhes.

A Etiqueta No Antigo Regime

A etiqueta não se reduz a mero repertório do que devemos ou não fazer. É preciso que os gestos e palavras considerados belos adquiram um sentido cerimonioso, tomem forma de um ritual quase religioso. É preciso que as boas maneiras, esta redução da ética a uma estética, do bom ao belo, se enraízem numa política: que a conduta valorizada seja um sacrifício prestado ao senhor, a um príncipe que governa não só o Estado como os atos dos seus membros de maior destaque... O homem da etiqueta não é apenas uma pessoa bem-educada. É alguém que expressa seus costumes de modo a tributar e obter prestígio. As maneiras servem à circulação, à atribuição do respeito; permitem valorizar os poderosos, venerá-los; a etiqueta só se compreende a partir de uma estratégia política.

(Renato Janine Ribeiro - A Etiqueta no Antigo Regime)

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