sábado, 17 de março de 2007

Bolsas... de novo

A China tem crescido nos últimos anos 10% ao ano. Este país “comunista” , contraditoriamente, tem dado um exemplo de como gerir uma economia rumo ao desenvolvimento capitalista. Neste nosso país em que décadas se acumulam como “perdidas”, a China chega a nos impressionar de modo que não raro se apresenta como um modelo a ser seguido. Apesar disso tudo, nas últimas semanas os jornais tem estampado em suas capas: China e EUA seriam os responsáveis por uma crise recente nos mercados de valores, fato que tem gerado instabilidade no mundo todo e, claro, particularmente, no Brasil. As perdas em nossas bolsas no último mês tem sido expressivas. Mas, o que aconteceu? Como podem duas economias tão sólidas (EUA e China) desencadear crises?
Ler os jornais que todos os dias chegam as bancas não nos ajuda muito. Lá tudo aparece em fragmentos onde o que vale mesmo são as manchetes e as propagandas que são mais importantes que a própria informação.
Para compreender minimamente o que está acontecendo precisamos não esquecer que a História é processual. Assim é preciso voltar um pouco no tempo. Lá nos anos FHC. Tá lembrado? Afinal os fundamentos da economia mundial não se alteraram de lá para cá.
Quais problemas a economia mundial enfrentava na virada do milênio? Podemos sugerir alguns:
A) a Internet vendida como uma nova fronteira de consumo e de grandes negócios. De fato isso é verdade, mas, não é a salvação da humanidade. A internet só chega a um terço da população mundial, apesar disso, ela tem sido motivo de especulações avassaladoras. Um verdadeiro paraíso para jovens capitalistas destemidos que, da noite para dia acumulam milhões e milhões de U$. Youtube. Mas a Internet tem alimentado aceleradamente a especulação financeira. Hoje, é possível dizer que bilhões de U$ simplesmente não existem na dura realidade. Entretanto, esse dinheiro circula de um lugar ao outro do planeta em aplicações que geram riquezas gigantescas ao centro do capitalismo. As sacudidelas nas bolsas, muitas vezes são apenas acertos de contas entre o cyberspaço e o mundo real.
B) a dívida pública americana. Dizem que ela ultrapassa U$ 1 trilhão. Até quando as economias periféricas do império terão condições de financiar este déficit? Isso tem custado caríssimo. Manter superávit primário no Brasil, por exemplo, tem significado derrama tributária da renda da classe média. O sucateamento do sistema educacional, da segurança pública.
C) na ponta do capitalismo também há dificuldades: o desemprego estrutural, resultado direto da 3ª Revolução Industrial faz elevar os déficits principalmente dos Estados europeus que no pós 2ª Guerra se edificaram o welfare-state (Estado de bem-estar social). Como continuar a financiá-lo?
O capitalismo não é uma sessão budista e não pode ser entendido como uma compreensão a-histórica (Robert Kurz, Imperialismo de Crise). Portanto, quaisquer tentativas de compreensão da crise atual passa pelas circunstancias indicadas acima.
(Valdir)

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