Osso atribuído a Joana D'Arc veio de múmia, diz estudo
Relíquia foi falsificada no século 19 durante tentativa de "turbinar" o processo de canonização da heroína francesa
Costela que seria da santa guerreira é de período entre os séculos 7º e 3º antes de Cristo; cheiro do material ajudou a derrubar a farsa
DA ASSOCIATED PRESS
Os restos mortais atribuídos à heroína francesa Santa Joana D'Arc, que morreu no século 15, não são dela. Para um time internacional de pesquisa, que usou técnicas científicas modernas de análise, o material pertence a uma múmia egípcia.A costela, junto com um pedaço de roupa e um fêmur de um gato (esses animais eram queimados juntamente com mulheres acusadas de bruxaria, como foi a santa), fora supostamente coletada depois de Joana D'Arc ser queimada viva na fogueira, em 1431, na cidade francesa de Rouen, na Normandia. Ela tinha 19 anos.
Os cientistas que estudaram o tema em 1909 -ano em que a francesa foi beatificada-, afirmaram na época que era "altamente provável" que aqueles restos mortais pertencessem a Joana D'Arc, que hoje é a padroeira da França.
Agora, cientistas forenses franceses, com a ajuda de especialistas da indústria do perfume, propõem uma teoria alternativa, afirma reportagem na revista "Nature".
O mais provável, dizem, é que o material tenha sido forjado no século 19, talvez para fomentar o processo de canonização. Joana D'Arc virou santa em 1920. Em vida, ela ficou famosa por liderar tropas francesas na Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra.
Na época medieval e depois, restos de múmias egípcias eram usados na medicina, disse Philippe Charlier, líder do grupo de pesquisa.
A tese do cientista é que um boticário do início do século 19 tenha estado está por trás da falsificação. "Ele teria transformado os restos mortais da múmia em uma relíquia histórica", disse. A costela, por exemplo, não havia sido queimada.
O boticário, segundo as informações disponíveis, teria recebido o material hipoteticamente recolhido quatro séculos antes da fogueira. Ele guardou tudo até 1867, quando a relíquia foi transferida para a Igreja.
O motivo da falsificação ainda é um mistério. "Provavelmente isso não foi feito por dinheiro", disse Charlier. "Talvez por motivos religiosos. Quem sabe para dar mais força ao processo de beatificação."
A costela é de algum período entre os séculos 3º e 7º antes de Cristo, mostram os testes. O osso do gato, da mesma época, também foi mumificado (o animal era sagrado no Egito).
"Também foram encontrados nas amostras pólens de pinheiros, provavelmente da resina usada no processo egípcio de embalsamamento".
Para o trabalho de análise das supostas relíquias de Joana D'Arc, os pesquisadores contaram com a importante ajuda dos perfumistas. "No passado, alguns deles já haviam dito que sentiam um cheiro de matéria orgânica, o que é típico de um processo de decomposição e não de algo que havia sido cremado."
Informações sobre a Guerra dos Cem Anos: aqui
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